Com o envelhecimento da população, o número de fraturas de quadril (fêmur proximal) vem aumentando em todo o mundo. Em geral são relacionadas a trauma de baixa energia como quedas da própria altura e os principais fatores de risco são idade avançada e osteoporose. Muito se evoluiu nas técnicas cirúrgicas e um dos principais fatores de sucesso está relacionado ao menor tempo possível para a realização da cirurgia (menos de 48 horas do trauma) e à mobilização precoce e especializada em até um dia após a cirurgia. Apesar dos avanços, os idosos com fraturas de quadril frequentemente apresentam piora de sua mobilidade, de sua qualidade de vida e do seu grau de independência. Dados da literatura médica mostram que menos da metade de pacientes acima de 65 anos recuperam sua mobilidade pré-fratura no primeiro ano. Essa perda de funcionalidade no idoso está relacionada ao aumento de complicações no longo prazo, com reflexos na sobrevida destes idosos.
Com o tamanho deste impacto, muita atenção vem sendo dada ao programa de reabilitação pós-operatória por time interdisciplinar integrado ao ortopedista, com vistas ao controle de dor, reforço muscular, ganho de autonomia. Este programa pode ser realizado em casa ou em centros de reabilitação especializada. No entanto, alguns idosos acima de 80 anos, já apresentam alguma perda funcional prévia que se agrava de forma acentuada após a fratura de quadril e agressão cirúrgica, especialmente se são portadores de doenças crônicas como doença pulmonar obstrutiva, insuficiência cardíaca, insuficiência renal ou doenças neurológicas. Para este grupo em particular se indica um programa de reabilitação especializado sob regime de internação em hospital especializado de transição. Esta recomendação baseia-se na estrutura de mobilização precoce destas unidades, suportada por time interdisciplinar composto por fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais e enfermeiros, com supervisão médica contínua, permitindo o controle clínico e de dor e a utilização do ginásio de fisioterapia com equipamentos para ganho de força e reabilitação de marcha. Um estudo da Universidade de Innsbruck na Áustria, coordenado por um time de especialistas da Alemanha, Áustria e Suiça mostrou que idosos acima de 80 anos submetidos à correção cirúrgica de fratura de quadril que fizeram um programa de reabilitação internado em centro especializado por 21 dias, recuperaram sua autonomia mais rapidamente e ao final de um ano se encontravam muito mais ativos que aqueles que fizeram um programa padrão de reabilitação.
A Organização Mundial de Saúde define que os objetivos primários de um programa de reabilitação são maximizar função, minimizar a limitação de uma atividade ou restrição de convivência por uma sequela ou doença. O Placi oferece este programa de reabilitação pós cirurgia de quadril para os casos acima descritos em suas 4 unidades, progredindo a mobilização e carga do membro operado em comum acordo com o ortopedista responsável do caso. A transferência precoce para a unidade de transição reduz o risco de infecção no pós-operatório, previne complicações relacionadas à imobilidade e melhora a qualidade de vida no médio e longo prazo.