O luto e Eu

o luto e eu

Por Placi
25/02/2022

No momento em que decidi iniciar minha trajetória na área da saúde, pensei que meu maior desafio seria cuidar de feridas, lesões e ossos quebrados. Hoje percebo que fui um tanto quanto ingênuo, afinal, percebo que meu maior desafio é tentar cuidar de minhas próprias feridas, feridas essas que tornam a doer toda vez que perdemos um paciente, ou, sempre que passamos o plantão e no outro dia quando voltamos o paciente não se encontra mais lá. 

Mas afinal, quem sofre a dor do luto? Posso eu ter esse sentimento? 

Pelo viés psicológico, o luto não se define apenas como a perda de um ente querido, mas sim, como a perda de algo no qual foi investida “atenção sentimental”. Existe alguém que se envolva sentimentalmente em seu ambiente de trabalho mais que o profissional da enfermagem? Creio que não! Afinal, vivemos em meio à perda e inseridos na vida e nos sentimentos de familiares, acompanhantes e pacientes. 

Sendo assim, quem cuida de quem? Seria essa uma relação de interesse, tendo em vista que presto meu serviço na esperança que receber um sorriso ou uma simples demonstração de afeto e felicidade dos pacientes? Aprendi que o amor é um investimento, é um sentimento que depositamos em alguém e, esperamos que ele volte até nós, seja através de um simples sorriso ou uma pequena demonstração de afeto, afinal o amor está em tudo, até em palavras não ditas. 

Tento aprender a lidar com o luto a cada dia, sabendo que ele é um sentimento complexo e pessoal, ao qual, diariamente preciso me preparar emocionalmente para determinadas situações que só nós, profissionais da saúde vivemos e guardamos dentro de nós. Mas mesmo sabendo de todas essas nuances delicadas, atuar como profissional da saúde é poder tocar e cuidar das feridas da alma também. 

Társis Ramos e Castro 

Técnico em Enfermagem e estudante de Psicologia

Colaborador do Hospital Placi Botafogo. 

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