Diabetes e polineuropatia diabética

Por Placi
28/07/2022

 O diabetes Mellitus (DM) é uma das doenças mais comuns, caracterizada com uma das principais pandemias crônicas do mundo, estima-se que afetará cerca de 537 milhões de adultos até 2045, um aumento de 50% em relação a 2017, calcula-se que 45% dos pacientes que são diagnosticados com diabetes tipos 2  (A Federação Internacional de Diabetes (IDF/2020).  DM é uma doença  do sistema endócrino (Cho, N. H. et al, 2018) marcado pela hiperglicemia, glicosúria, hiperlipidemia, ocasionando deficiência e resistência à insulina.  (CHACRA et al., 2009), (Khanra et al., 2015; Bhattacharjee et al., 2017).

Segundo a IDF, em 2020, o diabetes Mellitus tipo 2 (DM2)  é  frequentemente diagnosticado em  adultos, e o fator de risco mais ressaltado, que é a obesidade, é mais vista em mulheres (Kautzky-Willer, A., 2016), a DM2 ocorre quando o corpo se torna resistente à insulina, gerando falha na ação e secreção da insulina e na regulação da produção hepática de glicose, levando alteração na função das células beta, devido a fatores genéticos e ambientais (Faselis, C.2016.)  Em contrapartida, o diabetes Mellitus tipo 1 (DM1) é caracterizado por um processo auto imune em que o sistema imunológico do corpo danifica a insulina por onde é produzida pelas células beta do pâncreas, levando a deficiência da insulina.  A causa mais provável da DM1 é uma variação de fatores genéticos e ambientais, como uma infecção viral, desencadeando uma reação auto imune. (Atkinson et al. 2014). O  DM1 ocorre com mais prevalência  em crianças e adultos jovens. (Craig ME et a.; 2014)

A polineuropatia diabética (PND) é uma doença mais comum entre as diversas neuropatias (Veves e King, 2001), que consiste em degeneração distal dos axônios periféricos, caracterizados predominantemente por mudança de comportamento das fibras sensoriais, esses sintomas podem incluir déficits significativos na sensibilidade tátil e dolorosa, sensação de vibração, propriocepção de membros inferiores, havendo um envolvimento do sistema nervoso autônomo e  posteriormente, em menor extensão, axônios motores (Menz H et. Al, 2004) como fraqueza, alteração na marcha, atrofia distal onde o surgimento e a regeneração colaterais são evidentes. (Cho, et al., 2018). Feldman et al. (2019)

A polineuropatia sensório-motora diabética é de longe a manifestação neuromuscular que mais expressa, cerca de aproximadamente 50% de todos os indivíduos com a doença desencadeará a PND, estima-se que tenham uma prevalência mundial de polineuropatia diabética chega ser em torno de  30% em pacientes que foram diagnosticados com a DM, e aproximadamente 66% e 59% dos pacientes tipo 1 e tipo 2 têm uma tendência a desenvolver polineuropatia diabética. (Albers Jw, 2007).

Estudos mostram que indivíduos que têm PND, apresentam pé reduzido e força e potência muscular da perna comparada com aqueles em pessoas que não tem PND. A diminuição da força do tornozelo e a mobilidade articular limitada é um dos achados clínicos encontrados nos pulsos e mãos de pessoas com PND e articulação limitada na perna pode contribuir para deformidades adquiridas do antepé, mediopé e retropé, aumento de pressões de cisalhamento e ulceração plantar. (Tuttle LJ,  2012  Woodburn J, et al., 2016)

Um tratamento para prevenir o acontecimento de polineuropatia diabética ainda segue obscuro, no entanto, o exercício físico pode levar a melhorias específicas nos sintomas de neuropatia, incluindo aumento do nervo e ramificação das fibras (Kluding et al., 2012), foi visto que a recuperação espontânea da função das células beta e restauração dos níveis de glicose mostraram melhorias em todos os aspectos da neuropatia após o exercício com efeitos na percepção de dor e melhora das respostas sensoriais nos membros inferiores (Balducci et al., 2006). Esses achados indicam que, além das melhorias mais gerais observadas na função fisiológica, o exercício tem o potencial de induzir mudanças estruturais no sistema nervoso que também podem se traduzir em benefícios funcionais para o equilíbrio e atividades relacionadas à marcha. (Singleton JR, 2014)

Renan Serrano

Fisioterapeuta


Referências

Federation internacional Diabetes. IDF  Diabetes Atlas 2021 – 10th edition

Cho NH, Shaw JE, Karuranga S, Huang Y, da Rocha Fernandes JD, Ohlrogge AW, et al. (2018). IDF diabetes atlas: Global estimates of diabetes prevalence for 2017 and projections for 2045. Diabetes Research and Clinical Practice, 138, 271–281. 10.1016/j.diabres.2018.02.023.

Chacra, A. R. et al. Guias de Medicina Ambulatorial e Hospitalar da UNIFESP-EPM – Endocrinologia, p. 385-404, 2009.

Khanra, R., Dewanjee, S., K Dua, T., Sahu, R., Gangopadhyay, M., De Feo, V., & Zia-Ul-Haq, M. (2015). Abroma augusta L. (Malvaceae) leaf extract attenuates diabetes induced nephropathy and cardiomyopathy via inhibition of oxidative stress and inflammatory response. Journal of Translational Medicine, 13(1), 6. doi:10.1186/s12967-014-0364-1

Bhattacharjee, N., Dua, T. K., Khanra, R., Joardar, S., Nandy, A., Saha, A., Dewanjee, S. (2017). Protocatechuic Acid, a Phenolic from Sansevieria roxburghiana Leaves, Suppresses Diabetic Cardiomyopathy via Stimulating Glucose Metabolism,  Ameliorating Oxidative Stress, and Inhibiting Inflammation. Frontiers in Pharmacology, . doi:10.3389/fphar.2017.002514.

Kautzky-Willer, A., Harreiter, J., & Pacini, G. (2016). Sex and Gender Differences in Risk, Pathophysiology and Complications of Type 2 Diabetes Mellitus. Endocrine Reviews, 37(3), 278–316. doi:10.1210/er.2015-1137

Faselis, C., Katsimardou, A., Imprialos, K., Deligkaris, P., Kallistratos, M., & Dimitriadis, K. (2019). Microvascular complications of type 2 diabetes mellitus. Current Vascular Pharmacology, 17. doi:10.2174/157016111766619050216

Atkinson  MA, Eisenbarth GS, Michels AW. Type 1 diabetes. Lancet. 2014 Jan 4;383(9911):69–82

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IDF Diabetes Atlas: Global estimates of diabetes prevalence for 2017 and projections for 2045 N H Cho 1J E Shaw 2S Karuranga 3Y Huang 4J D da Rocha Fernandes 5A W Ohlrogge 6B Malanda 7 PMID: 29496507 Diabetes Res Clin Pract  2018 Apr;138:271-281.  10.1016/j.diabres.2018.02.023. Epub 2018 Feb 26.

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The effect of exercise on neuropathic symptoms, nerve function, and cutaneous innervation in people with diabetic peripheral neuropathy Patricia M Kluding 1Mamatha PasnoorRupali SinghStephen JerniganKevin FarmerJason RuckerNeena K SharmaDouglas E Wright Clinical Trial J Diabetes Complications Sep-Oct 2012;26(5):424-  doi: 10.1016/j.jdiacomp.2012.05.007. 

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Singleton JR, Marcus RL, Jackson JE, et al. Exercise increases cutaneous nerve den-sity in diabetic patients without neurop-athy. Ann Clin Transl Neurol. 2014;1: 844–849.

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