Equilíbrio e vertigem no envelhecimento

equilibrio

Por Placi
01/04/2022

O envelhecimento da população faz parte da realidade da maioria das sociedades (SAMPAIO et al., 2007)  e decorre tanto do aumento da expectativa de vida pela melhoria nas condições de saúde quanto pela questão da taxa de fecundidade, pois o número médio de filhos por mulher vem caindo (BARROSO, 2018). Estima-se para o ano de 2050 que existam cerca de dois bilhões de pessoas com sessenta anos ou mais no mundo, a maioria delas vivendo em países em desenvolvimento (SAMPAIO et al., 2007).

Até 2025, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil será o sexto país do mundo em número de idosos (BARBOSA, 2008). A população brasileira está vivendo mais de acordo com pesquisa divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Ainda é grande a desinformação sobre a saúde do idoso e as particularidades e desafios do envelhecimento populacional para a saúde em nosso contexto social.

O envelhecimento físico e mental faz com que o equilíbrio se torne prejudicado, já que ele requer uma integração complexa da informação sensorial sobre a posição do corpo relacionada ao seu ambiente e ao próprio corpo, exigindo respostas rápidas e apropriadas para controlar o equilíbrio (AZARPAIKAN; TAHERI TORBATI, 2018).

Após os 65 anos, até 30% dos idosos apresentam alterações do equilíbrio e postura, com piora progressiva com o passar dos anos (LIMA et al., 2011), onde várias mudanças ocorrem em relação ao equilíbrio.

Do mesmo modo, alterações do labirinto, visuais e relacionadas a sensibilidade dos pés estão associadas à diminuição do equilíbrio (LIMA et al., 2011).

Com o aumento da incidência de doenças crônicas devido ao crescente envelhecimento populacional, as doenças do labirinto têm adquirido grande relevância, visto que seus múltiplos sintomas, tais como vertigem, tontura, desequilíbrio, perda auditiva e zumbido, são diretamente proporcionais ao avanço da idade e aumentam o risco de queda para essa população (DE SOUSA et al., 2011).

A tontura no idoso deve ser considerada como uma síndrome geriátrica multifatorial envolvendo muitos sintomas e causas diferentes, incluindo cardiovasculares, neurológicos, sensoriais, psicológicos e problemas relacionados com medicações (IWASAKI; YAMASOBA, 2014).

Gradualmente, as pessoas com distúrbios do labirinto podem tornar-se limitadas nas atividades de vida diária e restritas em participar dentro de sua comunidade. Como resultado, muitas atividades básicas e essenciais podem se tornar inseguras e difíceis de executar, como andar sozinho, dirigir, e fazer compras, devido ao medo de queda e consequente não execução da tarefa e do movimento (MORGAN et al., 2013a).

Estatisticamente os problemas de queda decorrentes da perda de equilíbrio e tonturas atingem 65% dos indivíduos com idade superior a 60 anos. Aqui, ressalta-se a importância de se pesquisar como se comporta o equilíbrio nesta população, até porque estes resultados encontrados poderão auxiliar na aplicação de tratamentos específicos por médicos, fisioterapeutas e outros profissionais de saúde que atuem nos distúrbios do labirinto, para visar a prevenção de quedas e melhorar a qualidade de vida desses indivíduos (HOBEIKA, 1999).

Gabriel Pinheiro

Fisioterapeuta do PLACI


Referências

AZARPAIKAN, A.; TAHERI TORBATI, H. Effect of somatosensory and neurofeedback training on balance in older healthy adults: a preliminary investigation. Aging Clinical and Experimental Research, v. 30, n. 7, p. 745–753, jul. 2018.

BARBOSA. WHO global report on falls prevention in older age. Geneva, Switzerland: World Health Organization, 2008.

BARROSO, M. IBGE – Agência de Notícias. Disponível em: <https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-noticias/2012-agencia-de-noticias/noticias/20980-numero-de-idosos-cresce-18-em-5-anos-e-ultrapassa-30-milhoes-em-2017.html>. Acesso em: 14 jun. 2018.

DE SOUSA, R. F. et al. Correlation between the body balance and functional capacity from elderly with chronic vestibular disorders. Brazilian journal of otorhinolaryngology, v. 77, n. 6, p. 791–798, 2011.

HOBEIKA, C. P. Equilibrium and balance in the elderly. Ear, Nose, & Throat Journal, v. 78, n. 8, p. 558–562, 565–566, ago. 1999.

IWASAKI, S.; YAMASOBA, T. Dizziness and Imbalance in the Elderly: Age-related Decline in the Vestibular System. Aging and Disease, v. 6, n. 1, p. 38–47, 9 fev. 2014.

LIMA, G. A. et al. Estudo longitudinal do equilíbrio postural e da capacidade aeróbica de idosos independentes. Revista Brasileira de Fisioterapia, v. 15, n. 4, p. 272–277, 2011.

MORGAN, M. T. et al. Reliability and Validity of the Falls Efficacy Scale-International (FES-I) in Individuals with Dizziness and Imbalance. Otology & neurotology : official publication of the American Otological Society, American Neurotology Society [and] European Academy of Otology and Neurotology, v. 34, n. 6, p. 1104–1108, ago. 2013a.

SAMPAIO et al. Envelhecimento e saúde da pessoa idosa. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2007.

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